sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Os conhecimentos dos nossos alunos...

A adolescência é marcada por um conjunto acentuado de mudanças que acontecem quer a nível físico, quer no domínio psicológico. Se as primeiras são mais ou menos visíveis e geradoras de muita confusão na cabeça das nossas (agora já) “não-crianças”, as segundas são igualmente marcantes, gerando muitas vezes conflitos internos e geracionais.
Esta etapa é caracterizada por um período de auto-afirmação: afirmação do eu, imposição das suas ideias e confiança excessiva nas mesmas (“eu é que tenho razão”, “assim é que está certo”…), passando o adolescente por uma fase em que tudo parece girar à sua volta (egocentrismo). Por outro lado, é também nesta fase que o jovem procura o Outro, constrói os seus modelos, a identidade pessoal ou seja, parte à procura de si mesmo em função daquilo que vê nos outros, cria os seus valores e forma a sua personalidade.
Esta ambivalência entre o ser eu e o ser como o outro é geradora de uma instabilidade pessoal, manifestada por mudanças inesperadas de humor, reacções imprevistas e descontroladas, agressividade, fugas…
A adolescência é também uma etapa crítica no que se refere à descoberta do Outro, à construção de uma rede de afectos, à exploração da sua sexualidade. Surgem os primeiros relacionamentos “mais sérios”, formam-se a identidade e orientação sexuais, parte-se para as primeiras partilhas da intimidade… Sendo um período em que as emoções andam em turbilhão constante, é uma fase em que as opções pessoais nem sempre são as mais acertadas, as decisões são por vezes precipitadas, sobretudo no campo das relações amorosas. Para evitar que isso aconteça, ou pelo menos para que se possam “minimizar os danos”, importa que os adolescentes saibam o que são, as mudanças por que vão/estão a passar, os riscos que correm, o que podem fazer para não os correr… enfim, que ao fazerem as suas opções de vida sejam os Adultos que tanto ambicionam ser: informados, responsáveis e conscientes.
À escola, enquanto agente educativo, cabe o papel não só de transmitir conteúdos, mas também de formar e informar os jovens nas áreas mais diversificadas, como é o caso da educação sexual. Assim, e mais especificamente no campo da prevenção de comportamentos de risco, o trabalho efectuado pelo GES, para além da publicação periódica de textos no seu blogue e da realização de actividades temáticas, constou na aplicação de um questionário de conhecimentos na área da sua reprodutiva. Atendendo a que a Portaria nº 196-A/2010, de 4 de Abril preconiza que os conteúdos de educação sexual são abordados maioritariamente as áreas curriculares não disciplinares e estas não fazem parte de todos os currículos, o GES optou por aplicar o referido questionário aos alunos dos Cursos de Educação e Formação (CEF) e dos Cursos Profissionais. No entanto nem todas as turmas colaboraram nesta actividade, apesar dos muitos esforços quer dos profissionais do GES, quer do docente de informática das turmas B e C do 10ºano (o questionário foi preenchido informaticamente e enviado para o e-mail do GES). Assim, os dados que a seguir se apresentam são referentes à maioria dos alunos que estão a frequentar CEF (participaram 39 rapazes e 14 raparigas) e os 2º e 3º anos dos Cursos Profissionais (32 rapazes e 22 raparigas).
Fazendo então uma análise geral dos dados obtidos concluímos que a maioria dos alunos:
- reconhece que os métodos contraceptivos servem para evitar gravidezes indesejadas e que o preservativo é o único método contraceptivo que protege das infecções sexualmente transmissíveis.
- considera que:
- pensar num método contraceptivo também é responsabilidade do rapaz;
- uma rapariga, mesmo que não tenha uma vida sexual activa, deve saber quando é o seu período menstrual;
- o sexo seguro tem a ver com uma contracepção eficaz;
- a melhor forma de evitar contrair o vírus HIV é utilizar sempre preservativo nas relações sexuais
- sabe que:
- uma rapariga “virgem” pode engravidar na primeira relação sexual
- qualquer pessoa, independentemente da idade, pode comprar preservativos;
- há métodos contraceptivos gratuitos;
- uma consulta de planeamento familiar é possível mesmo sem a autorização dos pais;
- a pílula “do dia seguinte” é eficaz mais do que 24 horas após uma relação desprotegida (exceptua-se aqui o caso dos rapazes do ensino profissional cuja maioria de respostas foi no sentido inverso);
- se pode engravidar independentemente da posição que se adopte durante o acto sexual;
- o vírus HIV não se transmite unicamente por via sanguínea e que a maior parte dos infectados com o vírus HIV não é apenas homossexual;
- "SIDA" é a sigla para "Síndrome de imunodeficiência adquirida";
- pensa que pílula “do dia seguinte” é um bom método contraceptivo;
- respondeu que mesmo que uma rapariga se lave logo a seguir à relação sexual, pode engravidar;
No caso da afirmação “O preservativo retira o prazer da relação sexual”, a maioria dos alunos dos CEF considerou que tal se verifica enquanto que os alunos do profissional têm opinião contrária.
Relativamente ao conhecimento da diversidade e métodos contraceptivos existentes, a maioria dos alunos do ensino profissional e os alunos do sexo masculino do CEF tem conhecimento de que existem outros além da pílula e do preservativo. Já a maioria das alunas de CEF referiu que existem apenas estes dois métodos.
Com base nos dados obtidos, o GES planificou sessões informativas respeitantes a esta temática e que se destinam à população escolar abrangida pelo questionário.

                                                                                                             

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